4 de jun. de 2025

Peões do Jogo Alheio

No tabuleiro frio, onde a sombra trama,  
Meninos marcham, com o peito em chama.  
Carregam sonhos, mas encontram chumbo,  
Corações rasgados, num destino fundo.  

Nos escritórios altos, de luzes opacas,  
Moedas tilintam, em mãos que se abraçam.  
Falam de glória, de pátria, de bandeira,  
Mas o eco é ouro, na voz que os costeia.  

Peões tombam, cinzas no vento a voar,  
Enquanto reis brindam, sem nunca tombar.  
Mães, em silêncio, abraçam o vazio,  
E o vento sussurra num túmulo frio.  

Em ternos de seda, banquetes reluzem,  
Palácios erguidos onde os jovens se cruzem.  
Vidas, faíscas, na nevasca alheia,  
Lágrimas, chuva, na terra que anseia.  

Heróis, dirão, quando o tempo apagar,  
Nomes em granito, que o mundo a olvidar.  
Para quê as guerras, o sangue, a dor?  
Enquanto o poder ri, contando o valor.  

Mas no peito dos peões, um grito ressoa:  
Por que morremos, se a vida é tão boa?  
E o eco se perde, na noite sem fim,  
Peões no jogo, onde nunca há um.

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