3 de jun. de 2025

Martelo do Silêncio

Nas esquinas, a morte sussurra, rastejante,  
Um véu cinzento sobre os ombros dos viventes.  
Seus passos ecoam, um peso que consome,  
Martelo invisível, que o coração não nome.  

Você já sentiu o bastante?  
O luto que corta, o tempo que é esticante?  
Forçar-se a erguer, pedaço por pedaço,  
É costurar a alma com linha de cansaço.  

A tentação dança, um fio de fumaça,  
Enlaça a mente, consome, ameaça.  
"Desça ao meu chão", ela murmura, fria,  
Mas não é Deus quem julga, é a própria agonia.  

Desligue o rumor, as vozes que gritam,  
Sombras nas nuvens, que em segredo nos fitam.  
Tento lavar a dor, como sangue na pedra,  
Mas o martelo insiste, e a alma se seda.  

Ei, destino, abaixe esse martelo cruel,  
Não vê que resisto sob o mesmo céu?  
Não quero a doçura de uma falsa promessa,  
Quero ar que não queime, que não me oprima essa pressa.  

Você aguenta o peso?  
Empurra a corrente, desfaz o congresso?  
É forte o bastante pra mais uma luta,  
Ou cede ao martelo que a esperança executa?  

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