Um véu cinzento sobre os ombros dos viventes.
Seus passos ecoam, um peso que consome,
Martelo invisível, que o coração não nome.
Você já sentiu o bastante?
O luto que corta, o tempo que é esticante?
Forçar-se a erguer, pedaço por pedaço,
É costurar a alma com linha de cansaço.
A tentação dança, um fio de fumaça,
Enlaça a mente, consome, ameaça.
"Desça ao meu chão", ela murmura, fria,
Mas não é Deus quem julga, é a própria agonia.
Desligue o rumor, as vozes que gritam,
Sombras nas nuvens, que em segredo nos fitam.
Tento lavar a dor, como sangue na pedra,
Mas o martelo insiste, e a alma se seda.
Ei, destino, abaixe esse martelo cruel,
Não vê que resisto sob o mesmo céu?
Não quero a doçura de uma falsa promessa,
Quero ar que não queime, que não me oprima essa pressa.
Você aguenta o peso?
Empurra a corrente, desfaz o congresso?
É forte o bastante pra mais uma luta,
Ou cede ao martelo que a esperança executa?
0 comments:
Postar um comentário