2 de jun. de 2025

Nero - Um eco preso no vazio

Ilusão corre atrás de ilusão,  
Um cão faminto, devorando o nada,  
O cordeiro, outrora puro, agora é carne,  
Um tumor cego que geme sem razão, sem alma.  

Assassinos desfilam em procissão,  
Psicopatas dançam nas esquinas escuras,  
Cadáveres vivos rastejam pelas calçadas,  
A praga veste a camisa da fé, ungida pela força.  

Um filme se desenrola, tingido de sangue,  
Guerra e crime entrelaçados em cena,  
O cobrador de impostos sorri, voraz,  
Servindo aos caprichos de um mundo corrompido.  

O opressor aperta o parafuso,  
Nero ri, banhado em terror até o pescoço,  
Um grito acaricia o ar, um beijo amargo,  
Mentiras escorregam como macarrão pela garganta.  

O parafuso range, mais apertado ainda,  
Uma viagem se anuncia, sem volta,  
O carro funerário aceno, apaixonado,  
Um rio amarelo murmura seu nome.  

O absinto goteja, prometendo sentido,  
Mas no corredor estreito, a vida escapa,  
Um sussurro preso entre os dedos,  
Um eco preso no vazio, para sempre.  

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