3 de jun. de 2025

Peixe-palhaço

Como um peixe-palhaço, nado em cores vivas,  
Marlin errante, sonhando com tardes tão queridas.  
Teu riso era o coral, meu lar, minha guarida,  
Mas tua trama teceu uma história traída.  

Tuas palavras, anzóis, com brilho a me enganar,  
Mestre das máscaras, sabes bem como fisgar.  
Cada mentira, um choque, meu peito a pulsar,  
Um desfibrilador não cura o que vais deixar.  

No fundo do mar, onde a luz não alcança,  
Afogo-me em mágoas, sem resto de esperança.  
Teu passado, sombrio, com tubarões a rondar,  
Mas será que a dor te dá direito a me afundar?  

Deixaste-me à deriva, com algas no paladar,  
Um gosto amargo, que não sei como limpar.  
Quero te odiar, mas a corrente me faz voltar,  
Pergunto ao abismo: estás mesmo a te encontrar?  

Não te desejo o céu, nem estrelas a guiar,  
Sou cru, sou sal, sou onda a se quebrar.  
Mas no silêncio do mar, onde a verdade é clara,  
Meu coração, peixe preso, ainda te chama, tão rara.

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