Marlin errante, sonhando com tardes tão queridas.
Teu riso era o coral, meu lar, minha guarida,
Mas tua trama teceu uma história traída.
Tuas palavras, anzóis, com brilho a me enganar,
Mestre das máscaras, sabes bem como fisgar.
Cada mentira, um choque, meu peito a pulsar,
Um desfibrilador não cura o que vais deixar.
No fundo do mar, onde a luz não alcança,
Afogo-me em mágoas, sem resto de esperança.
Teu passado, sombrio, com tubarões a rondar,
Mas será que a dor te dá direito a me afundar?
Deixaste-me à deriva, com algas no paladar,
Um gosto amargo, que não sei como limpar.
Quero te odiar, mas a corrente me faz voltar,
Pergunto ao abismo: estás mesmo a te encontrar?
Não te desejo o céu, nem estrelas a guiar,
Sou cru, sou sal, sou onda a se quebrar.
Mas no silêncio do mar, onde a verdade é clara,
Meu coração, peixe preso, ainda te chama, tão rara.
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