7 de jun. de 2025

Chovendo

A chuva cai, um lamento frio,  
Goteja o tempo, congelante vazio.  
Era pra ser sol, era pra ser luz,  
Mas o céu se fecha, e o coração se reduz.  

Uma toupeira rasteja, na fundação do chão,  
Escava o silêncio, onde pulsa a solidão.  
Grita ao cair, mas ninguém ouve o som,  
O eco se perde, no abismo sem tom.  

O fedor se ergue, da carne que cede,  
Músculos flácidos, paralisia que impede.  
Horrível, sim, mas quem vai notar?  
No milharal preso, o horizonte a apagar.  

Queria a fama, chuva inebriante,  
Trovões de glória, um brilho constante.  
Do céu, do inferno, do abismo sem fim,  
Que viesse a torrente, que fosse por mim.  

Mas o tempo queima, a vida é brasa,  
No milharal cego, a alma se abrasa.  
Não há salvação, nem realização,  
Apenas a chuva, e sua fria canção.  

Que caia o grito, que se apague o cheiro,  
Na dança do gelo, no mundo inteiro.  
Se o horizonte some, e a esperança é vão,  
Resta a poesia, pulsar da escuridão.

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