2 de jun. de 2025

O Sussurro da Folha Solta

No galho, me prendi por eras lentas,  
Tecendo sonhos em véus de esmeralda.  
O sol me banhava, a chuva me cantava,  
Mas meu coração ardia por ventos indomados.

Outras folhas amavam a luz dourada,  
Ou se entregavam às gotas em noites molhadas.  
Eu, porém, sonhava com planícies sem fim,  
Onde o céu e a terra dançam em mim.

Veio o outono, com sua mão de cinza,  
E soltou-me leve, em brisa tamanha.  
Dancei com os ventos por vales e alamedas,  
A árvore, tão alta, agora pequena.

No giro do ar, sou pluma, sou chama,  
Carregada ao longe, onde o mundo me chama.  
Livre do peso, do galho, da espera,  
Sou um sopro do eterno na vasta primavera.

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