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24 de set. de 2025

Solidão

Caminho sozinho pelas ruas desertas.
As horas se estendem, lentas e frias.
Meu coração está pesado, meus pensamentos estão verdes.
E as sombras dançam, silenciosas e vazias.

Procuro vozes, rostos familiares.
Mas os olhares se desviam, fogem para longe.
Minha alma está triste, minha mente está confusa.
E as lágrimas correm, silenciosas e sem fim.

Sou um estranho nesta cidade cinzenta.
As pessoas passam sem me ver, sem pestanejar.
Busco refúgio, uma mão estendida e suave.
Mas a solidão é minha única companheira, meu único desejo.

E, no entanto, neste silêncio profundo,
encontro paz, uma calma sem fundo.
Meu coração se liberta, minha alma se derrama.
E a solidão se torna minha única conexão com o mundo.

23 de set. de 2025

Chicória

Na beira da estrada, onde o sol escorre,
A vida selvagem, sem lei, desabrocha.
Ervas daninhas, num ímpeto que morre
E renasce, em folhagem que em roxo trocha.

Pelas gretas do asfalto, em revolta ardente,
O verde teimoso se espalha sem pudor.
São crespas, peludas, num abraço envolvente,
Uma horda esperta, sedenta de ardor.

Mas no meio desse emaranhado, serena,
A chicória, em seu porte altivo e singelo.
Estende seus ramos, em paz, na cena,
E lança estrelas de um azul mais belo.

Com seu olhar terno, em pétalas de céu,
Acalma a agitação, o furor desmedido.
Um farol de calma, de suave véu,
Nesse palco agreste, tão bem acolhido.

É a magia do caos, em sua plenitude,
A força da vida, num instante fugaz.
A chicória, a anfitriã, com gratidão e atitude,
Transforma a anarquia em serena paz.

O Meu Fardo

O que é ser eu, um eco em desalento,
Pensamentos que transbordam, um vasto conhecimento.
Um rastro de prata que o tempo desfigurou,
A felicidade sumiu, em pranto se transformou.

As memórias, um novelo em desalento,
O rastro deixado, agora um lamento.
Sob a pele reside dor e o receio,
O que vimos em anos, um sombrio rodeio.

A cada passo que pesa, insuportável trilha,
A cada sopro que teima, alma que vacila.
Vimos o que choramos, em cada amanhecer.

Com cada ato impensado, em gestos que a vida traz,
Com cada situação cruel, que o destino refaz.
Sentimos o que é ser intacto, em meio ao padecer.

Até que eles desvendem o passado que guardo,
Então saberão o que é… finalmente, o meu fardo.

A Tela Humana

Quem era eu, há um ano atrás?
Fragmentos de lembranças, em meus olhos, em flashes.
Mas a forma não é a mesma, a essência se esvai,
Um eco distante, em sussurros, em traços.

O que outrora aquecia, agora me é alheio,
A melodia que embalava, o silêncio a engole.
Os rostos amigos, hoje estranhos no meio,
O pensar que me definia, a corrente o desvole.

Não me visto como antes, nem me porto igual,
O espelho reflete um ser que não reconheço mais.
Um lento desabrochar, um processo gradual,
A beleza da mudança, em tons sutis, jamais.

A mão invisível, com pincel de suave toque,
Me molda em segredo, em sua arte singular.
Acompanho meus dias, sem pressa, sem choque,
Até que sinto a carícia, e me ponho a olhar.

Um novo quadro, em mim, a se revelar,
Cada cor que se apega, na pele a se fundir.
Restam as memórias, em meu âmago a morar,
Para a alma que me espera, em meu ser a existir.

Que ames todas as versões, que em mim encontrarás,
Como eu amaria todas as tuas, sem hesitar.
A mudança é perpétua, sua dança não cessará,
Até o último suspiro, em seu eterno pintar.

Somos tela humana, a arte de se transformar,
Em constante evolução, um fluxo sem igual.
Nascidos para mudar, para sempre nos recriar,
Uma obra em progresso, a cada novo ritual.

21 de set. de 2025

O Objetivo Final

No silêncio que me envolve, um anseio surge,
Uma busca etérea, que a alma me urge.
O objetivo final, em tom sereno a ecoar,
É a mente imperturbável, que não se deixa abalar.

Um coração sereno, em seu compasso gentil,
Imaculado pelo horror, por nada mais hostil.
Que a dor que flagela, o tormento que me atinge,
Sejam meras sombras, que o tempo extingue.

O objetivo final, um refúgio tão profundo,
É um túmulo tranquilo, longe deste mundo.
Sem arrependimentos a roer, sem dor a sentir,
Sem nós no meu coração, apenas o adormecer.

20 de set. de 2025

Dois Tipos de Dor

Vemos o céu, mas não o toque,
Um vento frio, um aperto mudo.
A dor que grita, que se evoca,
Quando o teu lado se torna escasso, desnudo.

Sem ti, o mundo se apaga em cor,
A vida perde o seu brilho, o seu calor.
Que dor ensina, com maior vigor?
A que se entranha, ou a que se vai, sem clamor?

Uma Bela Tragédia

Nas profundezas do meu peito, o silêncio ecoa,

Onde a sombra dança e o passado se escoa.

No espelho da mente, um reflexo me confronta,

Um estranho que sou, numa dança que me assombra.


Uma tragédia velada, em meu ser a habitar,

Mente que amadurece, coração a suspirar.

Dois mundos colidindo, num só ser a pulsar,

Alegria e o vazio, com o mesmo nome a ecoar.


Diante do espelho, desfeito, a imagem se revela,

Um guerreiro cansado, em batalhas sem trégua.

Anseio por ser livre, por voar, por sonhar,

Respirar no oceano da alma, sem medo de afogar.


Nesta bela tragédia, meu refúgio eu encontro,

Aprendendo a moldar, a sustentar este confronto.

Pois mesmo o peito mais pesado, a liberdade alcança,

E o espelho em meu reflexo, sussurra a paz que me lança.

Em Trenton

Em Trenton, onde o vento sussurra um canto de pesar,

Onde as sombras dançam e as memórias vêm para ficar,

Eu me apresento, um guardião de sentimentos não expressos,

Um mastro estoico, nas tempestades de emoção, sempre em festa.

Deixem que as lágrimas permaneçam ocultas, o pranto silenciado,

Nos meus olhos, sem traços de fraqueza, apenas um vazio sagrado.


Mas há uma profundidade, um oceano de mágoa a ser guardado,

Onde os naufrágios da vida me atingiram, em um mar agitado.

Cada revés, um peso que me afunda, uma âncora no meu ser,

E a eles se segue um sono, um refúgio para a alma renascer.

É um luxo raro, um sorriso que escapa, um breve alívio do fardo,

Com lábios de gelo, um rosto em deserto, aguardando o teu toque, sem cardo.


Um independente por natureza, um espírito que escolhe o seu próprio chão,

Prefiro a culpa, a carga que carrego, a um orgulho que me tira a razão.

Até que me desfaça, me perca em poeira, a alma se esvaia sem alarde,

Minha linha do tempo se tece em arrependimentos, um emaranhado que me acoarde.

Eles me prendem, me imobilizam, uma força paralisada a morder,

Como um litro de rum, amargo e potente, a dor a me socorrer.


Morgan, um nome ecoa, o diabo para alguns, um deus para quem busca um porto,

E eu, nesse limbo existencial, me pergunto se há um certo ou um torto.

Se o livre arbítrio me fosse concedido, eu me renderia ao imobilismo,

Toda essa agitação, essa constante ação, me causa um ansioso abismo.

Mas a perna treme, incontrolável, um ritmo interno a me conduzir,

As pontas dos dedos, em busca de apoio, uma superfície a sentir.


E nesse toque, uma clareza se instala, o medo de ser insano a se esvair,

Só porque sinto a correnteza, a emoção a me inundar sem me trair.

Sou ingênuo, confesso, em desvendar o que elas realmente significam,

Mas a simples partilha de pensamentos, o meu nervosismo o desmistificam.

Desejo, anseio, ser visto como completo, perfeito em cada detalhe,

Um ideal inatingível, uma miragem que a alma nunca retalhe.

19 de set. de 2025

Caixão

Os pregos que me firmam, tão finos,
Não foram cravados por ódios, nem fins
Traiçoeiros, de quem me quis ver cair.
Foram mãos que eu jurava, me ergueriam, sim.

Amigos de riso fácil, de abraço apertado,
Que agora ecoam, um grito silenciado.
Não a doença fria, nem o mal disfarçado,
Mas o amor que pensei meu, me foi roubado.

E a ironia dói, como espinho na pele,
Vem de quem jurava, por mim era fiel.
Não do estranho que passa, sem sequer me ver,
Mas do peito que um dia, me disse "quero ter".

Não foi o orgulho altivo, que me fez dobrar,
Nem a vaidade tola, que me fez tropeçar.
Foi a pura bondade, o gesto de doar,
Que abriu a porta larga, para a dor entrar.

Não as chagas expostas, que o corpo feriu,
Mas as marcas profundas, que a alma sentiu.
Cicatrizes invisíveis, que o tempo não cobriu,
Lembranças pungentes, que o silêncio engoliu.

E nenhuma lágrima, por mim se verteu,
Dos olhos que um dia, por mim se encantou.
A terra, em seu pranto, me acolheu,
E apenas minha mãe, em dor me sepultou.

Um Ganho no Abraço

Um ganho no abraço humano, um sussurro tênue,
Onde uma maçã, em sua queda serena,
Revelou a terra, a força que a contém,
A gravidade, um laço que a tudo ordena.

Mas quantos de nós, em quedas sem alarde,
Deslizam pelo abismo, em um véu de dor?
Perdemos o olhar, a empatia que arde,
E a humanidade se esvai, em cada clamor.

Quantas vidas ainda, em luto se afogam?
Um teste implacável, a morte em seu véu.
Teu afeto, um branco que em neve desabafa,
E a tua ausência, talvez não acenda o meu céu.

Contudo, um dia, foste luz que me guiava,
Uma estrela acesa, em meu ser a brilhar.
Não viste as nuvens, que em lágrimas chorava?
O céu desabando, em triste pesar.

Tua presença agora, um espectro que dança,
Fusão de cores, em minha visão se espalha.
Um ganho que busco, em cada lembrança,
Um abraço humano, que a vida retalha.


Não Mais um Eco

Nosso amor, outrora chama intensa,
Agora jaz, cinza, sem defesa.
Palavras cruas, como cacos no chão,
Rasgaram a alma, roubaram a canção.

E na cama, o silêncio que me invade,
Reflete um brilho, doce e fugaz verdade.
Memórias de nós, um eterno luar,
Que teimam em no peito ancorar.

Silenciosamente, o desejo me aflora,
Que um novo sol sua vida agora adore.
Alguém que te ame, com terno abraçar,
E faça o meu nome, na noite, não mais ecoar.

Que o amor que te entreguem, profundo e sereno,
Apague em ti qualquer vestígio ameno,
De um tempo passado, de um afeto que findou,
E que o teu sono, a paz enfim te legou.

11 de jun. de 2025

Blues para Coltrane (Um Eco Cósmico)

Na penumbra do azul, eu me dissolvo,  
Um sopro de sax que a noite formou.  
Estrelas sussurram segredos antigos,  
E eu, peregrino, sigo seus signos.  

O ritmo dos deuses pulsa na veia,  
Um jazz que é fogo, que é dor, que é cheia.  
Coltrane me chama, sua nota é um grito,  
Corta o silêncio, faz o mundo infinito.  

Eu danço no vácuo, onde o tempo se curva,  
Cada acorde uma brisa, cada pausa uma turva.  
Sou pluma no éter, sou onda no mar,  
Um eco que voa, sem nunca parar.  

A lua me fita, guardiã do meu verso,  
E eu canto o pecado, o divino, o diverso.  
No staccato dos anjos, meu peito se parte,  
A música é Deus, e eu sou sua arte.  

Não me curvo a templos de pedra ou promessas,  
Meu altar é a nota que rasga as repressas.  
Coltrane me guia, seu sopro é meu norte,  
Uma melodia que ri da própria morte.  

8 de jun. de 2025

O Par Perfeito

Ele era um vendaval desordenado,  
Um caos de estrelas em noites tortuosas,  
Ondas que se erguiam, quebrando o silêncio,  
Um coração selvagem, sem porto ou promessa.  

Ela, um mosaico de cacos partidos,  
Alma ferida, costurada por sonhos frágeis,  
Carregava o peso de um céu sem lua,  
Até o dia em que seus olhos o encontraram.  

Ele, a chama; ela, o abrigo.  
Ele, o mar; ela, a âncora.  
No toque, o caos ganhou forma,  
Na troca, o vazio virou lar.  

Personalidades como polos opostos,  
Imãs que se buscam, se fundem, se formam.  
O amor deles, um incêndio suave,  
Que aquece sem queimar, que guia sem cegar.  

É um vento que dança, é um rio que canta,  
Imparável, eterno, um pulsar sem fim.  
No coração um do outro, se entrelaçam,  
Dois mundos distintos, um destino, enfim.  

7 de jun. de 2025

Chovendo

A chuva cai, um lamento frio,  
Goteja o tempo, congelante vazio.  
Era pra ser sol, era pra ser luz,  
Mas o céu se fecha, e o coração se reduz.  

Uma toupeira rasteja, na fundação do chão,  
Escava o silêncio, onde pulsa a solidão.  
Grita ao cair, mas ninguém ouve o som,  
O eco se perde, no abismo sem tom.  

O fedor se ergue, da carne que cede,  
Músculos flácidos, paralisia que impede.  
Horrível, sim, mas quem vai notar?  
No milharal preso, o horizonte a apagar.  

Queria a fama, chuva inebriante,  
Trovões de glória, um brilho constante.  
Do céu, do inferno, do abismo sem fim,  
Que viesse a torrente, que fosse por mim.  

Mas o tempo queima, a vida é brasa,  
No milharal cego, a alma se abrasa.  
Não há salvação, nem realização,  
Apenas a chuva, e sua fria canção.  

Que caia o grito, que se apague o cheiro,  
Na dança do gelo, no mundo inteiro.  
Se o horizonte some, e a esperança é vão,  
Resta a poesia, pulsar da escuridão.

6 de jun. de 2025

Sem Portas, Apenas Pulsos

Não há tranca que guarde o coração,  
Nem porta que feche a canção.  
Meus versos, como ventos errantes,  
Dançam livres, sem grades, constantes.  

Eles buscam, em silêncio, teu ser,  
Um refúgio onde possam florescer.  
Na tua alma, encontram seu lar,  
Um eco suave, a se entrelaçar.  

Dopamina em rios, sutil,  
Corre em veias, num pulsar febril.  
Teus pensamentos, os meus, se unem assim,  
Num instante eterno, sem começo ou fim.  

Não há chave, nem muro, nem véu,  
Apenas o pulso que une o meu ao teu.  
Nos versos, o mundo se faz comunhão,  
Dois corações, um só coração.

Até Dezembro Chegar

Sob o véu cinzento de um céu sem fim,  
Meu coração murmura, em dor e afim,  
Teu nome, um eco que não sabe parar,  
Um farol que brilha até dezembro chegar.  

Os dias se arrastam, pesados, tão lentos,  
Cada hora um vazio, cada instante um lamento.  
Mas no peito, o amor, firme, não desaba,  
É tua voz que o vento, em segredo, me traz.  

Ó distância, faca de corte sutil,  
Corta o tempo em pedaços, mas não o que sinto.  
Teus olhos, estrelas que o frio não apaga,  
Guiam-me a alma pela noite mais vaga.  

Quando dezembro vier, com seu sopro de gelo,  
Teu riso será o fim de todo anseio.  
Nos teus braços, o mundo há de se calar,  
E o tempo, vencido, não vai mais nos contar.  

Até lá, guardo-te em mim, como um verso sagrado,  
Cada pulsar, um passo ao teu lado sonhado.  
Dezembro trará teu calor, meu lar,  
E eternos seremos, até dezembro chegar.

Cachorro Morto

Ela tem olhos arregalados, como luas ansiosas em uma noite sem estrelas,  
bochechas rosadas, carregadas do calor que ela não sabe de onde vem.  
Uma fileira de luzes solares penduradas no corrimão da minha varanda,  
pisca em vermelho, azul, às vezes amarelo,  
como um segredo hesitante se revelando aos poucos.  

Mas ninguém olha de perto o suficiente—  
Ninguém vê o brilho trêmulo que precede a escuridão,  
Ninguém percebe que sob a dança das cores  
Existe um véu de desintegração cáustica,  
Uma neblina densa de autoaversão.  

Ela é verde—meio preto e verde, na verdade—  
Como musgo entranhado nas rachaduras do tempo,  
Como mofo se espalhando pelo teto quando o telhado se rende,  
Como isolamento velho, embolado,  
Feito pelo de um cachorro morto,  
Deixado para apodrecer sem testemunhas.  

5 de jun. de 2025

Lua de Sangue

Nos enfurecemos como fantasmas,
Ousados, porém discretos nas tramas.
No abraço do crepúsculo,
Ouvimos um pulsar, sinistro e rítmico,

Carícias de sombras, suas cortinas nos clamam.
Imortais, por um momento apenas,
Cada respiração ecoa em nossas venas.
Com presas que pingam sede,
Festejamos sob o olhar do céu vermelho,
Tomando a noite, extasiados nas cenas.

A fome é pesada, um peso ancestral,
Carregamos os mortos, nosso fardo vital.
Deslizando pelo horizonte, a lua brilha,
Nos laços do luar, a alma se aninha,
A dança é eterna, um ciclo sem igual.

De volta ao caixão, ao abrigo escondido,
O silêncio pesa, um destino querido.
Tudo termina, mas o amanhecer,
É fluxo de sombras, um não-conviver,
Na luz, emudecemos, nós, os esquecidos.

Na escuridão, festejamos, seres fugazes,
Em nosso reino etéreo, tão repleto de fases.
E então retornamos, aos túmulos, ao lar,
Com um sussurro suave, antes de partir,
As memórias vibram, contínuas e audazes.

Assim dançamos, em círculos sem fim,
Com a lua de sangue a testemunhar nosso sim.
Na calma da noite, onde tudo é sagrado,
Celebramos a vida, o amor, o passado,
Nós, os fantasmas, eternos por um triz.

Do Caos Primordial

Do caos primordial, liberto-me em voo,  
Um grito de ordem onde o vazio se formou.  
Com foco de aço, meu caminho tracei,  
Organizado, erguido, ao mundo me revelei.  

No silêncio puro, a clareza me chama,  
Olho o sol ardente, minha alma se inflama.  
Santidade renasce em raios de calor,  
Um pacto de luz, um juramento de amor.  

Reflito com força, meu pensar é um fio,  
Cada ato, um pincel, meu viver, um desafio.  
Crio minha obra, consciente e real,  
Uma dança eterna, do caos ao ideal.  

A hora da luz rompe a escuridão,  
Leitores, acendam, tragam fogo à mão!  
Brilhem como estrelas, cortem a noite ao meio,  
Sejam faróis vivos, guiem o mundo no anseio.  

4 de jun. de 2025

Peões do Jogo Alheio

No tabuleiro frio, onde a sombra trama,  
Meninos marcham, com o peito em chama.  
Carregam sonhos, mas encontram chumbo,  
Corações rasgados, num destino fundo.  

Nos escritórios altos, de luzes opacas,  
Moedas tilintam, em mãos que se abraçam.  
Falam de glória, de pátria, de bandeira,  
Mas o eco é ouro, na voz que os costeia.  

Peões tombam, cinzas no vento a voar,  
Enquanto reis brindam, sem nunca tombar.  
Mães, em silêncio, abraçam o vazio,  
E o vento sussurra num túmulo frio.  

Em ternos de seda, banquetes reluzem,  
Palácios erguidos onde os jovens se cruzem.  
Vidas, faíscas, na nevasca alheia,  
Lágrimas, chuva, na terra que anseia.  

Heróis, dirão, quando o tempo apagar,  
Nomes em granito, que o mundo a olvidar.  
Para quê as guerras, o sangue, a dor?  
Enquanto o poder ri, contando o valor.  

Mas no peito dos peões, um grito ressoa:  
Por que morremos, se a vida é tão boa?  
E o eco se perde, na noite sem fim,  
Peões no jogo, onde nunca há um.