Em turbilhão a mente, noite e dia,
Ecoam vozes, em som de agonia.
Repetem-se as dúvidas, o medo e a dor,
Uma canção morta, sem cor e sem calor.
"Será que me odeiam?" - a pergunta que aflige,
"O que vão pensar?" - o pensamento que persegue.
"Se eu disser algo ruim..." - o receio constante,
Um ciclo vicioso, incessante e errante.
"Por que estás aqui? És um 'esquesito' sem par,"
A voz destrutiva, que insiste em machucar.
Congelado em gelo, o sangue não flui,
Preso num tormento, onde a alma se desfaz e destrói.
Tonturas de fome, dias sem beber,
A queda iminente, a vontade de morrer.
Desmaios e quedas, e o renascer sem fim,
A máscara de "normalidade", o fingir, o fingir sem fim.
No espelho a face, a fúria se revela,
Punhos cravados, a dor que se revela.
Mãos ensanguentadas, a pele insensível,
O corpo adormecido, o tormento terrível.
De volta aos outros, semblante vazio,
Um fantasma errante, refém do vazio.
A cabeça gira, um carrossel sombrio,
"És feio, inútil..." - o desprezo que oprime.
"Falsos amigos, hipócritas, vilões,"
A tortura interna, em mil e uma canções.
"Prostituta, fracasso, acabá-lo de vez..."
A voz da sombra, que o leva à infeliz e cruel vez.
À parede a face, rendido à escuridão,
Um copo quebrado, a fuga e a solidão.
No quarto trancado, o choro, a angústia atroz,
A lâmina afiada, que traz o adeus.
Cortar e queimar, até a carne sangrar,
Um corpo em dor, que não sente o lugar.
A dormência, o formigar, a anestesia fria,
Na busca da morte, a esperança morre um dia.
Melancolia profunda, um tom de pesar,
Em mente pequena, a luta por não mais lutar.
Um retrato da alma, em seu desespero,
Um grito silencioso, clamando por um novo querer...