Fragmentos de lembranças, em meus olhos, em flashes.
Mas a forma não é a mesma, a essência se esvai,
Um eco distante, em sussurros, em traços.
O que outrora aquecia, agora me é alheio,
A melodia que embalava, o silêncio a engole.
Os rostos amigos, hoje estranhos no meio,
O pensar que me definia, a corrente o desvole.
Não me visto como antes, nem me porto igual,
O espelho reflete um ser que não reconheço mais.
Um lento desabrochar, um processo gradual,
A beleza da mudança, em tons sutis, jamais.
A mão invisível, com pincel de suave toque,
Me molda em segredo, em sua arte singular.
Acompanho meus dias, sem pressa, sem choque,
Até que sinto a carícia, e me ponho a olhar.
Um novo quadro, em mim, a se revelar,
Cada cor que se apega, na pele a se fundir.
Restam as memórias, em meu âmago a morar,
Para a alma que me espera, em meu ser a existir.
Que ames todas as versões, que em mim encontrarás,
Como eu amaria todas as tuas, sem hesitar.
A mudança é perpétua, sua dança não cessará,
Até o último suspiro, em seu eterno pintar.
Somos tela humana, a arte de se transformar,
Em constante evolução, um fluxo sem igual.
Nascidos para mudar, para sempre nos recriar,
Uma obra em progresso, a cada novo ritual.
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