Em Trenton, onde o vento sussurra um canto de pesar,
Onde as sombras dançam e as memórias vêm para ficar,
Eu me apresento, um guardião de sentimentos não expressos,
Um mastro estoico, nas tempestades de emoção, sempre em festa.
Deixem que as lágrimas permaneçam ocultas, o pranto silenciado,
Nos meus olhos, sem traços de fraqueza, apenas um vazio sagrado.
Mas há uma profundidade, um oceano de mágoa a ser guardado,
Onde os naufrágios da vida me atingiram, em um mar agitado.
Cada revés, um peso que me afunda, uma âncora no meu ser,
E a eles se segue um sono, um refúgio para a alma renascer.
É um luxo raro, um sorriso que escapa, um breve alívio do fardo,
Com lábios de gelo, um rosto em deserto, aguardando o teu toque, sem cardo.
Um independente por natureza, um espírito que escolhe o seu próprio chão,
Prefiro a culpa, a carga que carrego, a um orgulho que me tira a razão.
Até que me desfaça, me perca em poeira, a alma se esvaia sem alarde,
Minha linha do tempo se tece em arrependimentos, um emaranhado que me acoarde.
Eles me prendem, me imobilizam, uma força paralisada a morder,
Como um litro de rum, amargo e potente, a dor a me socorrer.
Morgan, um nome ecoa, o diabo para alguns, um deus para quem busca um porto,
E eu, nesse limbo existencial, me pergunto se há um certo ou um torto.
Se o livre arbítrio me fosse concedido, eu me renderia ao imobilismo,
Toda essa agitação, essa constante ação, me causa um ansioso abismo.
Mas a perna treme, incontrolável, um ritmo interno a me conduzir,
As pontas dos dedos, em busca de apoio, uma superfície a sentir.
E nesse toque, uma clareza se instala, o medo de ser insano a se esvair,
Só porque sinto a correnteza, a emoção a me inundar sem me trair.
Sou ingênuo, confesso, em desvendar o que elas realmente significam,
Mas a simples partilha de pensamentos, o meu nervosismo o desmistificam.
Desejo, anseio, ser visto como completo, perfeito em cada detalhe,
Um ideal inatingível, uma miragem que a alma nunca retalhe.
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