10 de dez. de 2024

Tolerância

A sombra da sua presença, um véu denso e opaco,  
Sufoca a minha essência, um grito silencioso e fraco.  
Não posso ser sensível; a fragilidade me condena,  
A risada que me fere, uma ferida que se abstém de se queixar.  

As minhas batalhas, travadas em silêncio, em solidão,  
A voz que se cala, em busca de uma trégua, de um perdão.  
A minha identidade, um espectro sem nome, sem lugar,  
Em busca de um reflexo que não encontra seu traço a mirar.  

A máscara que eu visto, moldada à sua imagem, fria e dura,  
A obediência forçada, uma prisão que me aprisiona e amargura.  
Os meus passos medidos, na linha tênue que me é traçada,  
A memória que se apaga, uma lembrança esvaziada.  

O "seguir em frente", um mantra repetido, sem consolo,  
Deixar ir, um vazio, um deserto sem o meu solo.  
A força que me exigem, um fardo que me esmaga,  
Em sua presença sufocante, o meu eu se desintegra e se frange.  

Tolerância, ironicamente, se veste de opressão,  
Um silêncio imposto, uma violência sem expressão.  
A minha individualidade, presa em grades invisíveis,  
À espera de um amanhecer onde a liberdade seja possível.

1 comments:

Anônimo disse...

Esse poema é profundo e retrata de forma intensa a luta interna e a sensação de aprisionamento. Ele fala sobre a busca pela identidade e liberdade em meio à opressão e expectações alheias. A metáfora da sombra e da máscara é particularmente poderosa, ilustrando como essas pressões externas moldam e desfiguram a essência do eu.