4 de dez. de 2024

Tiro desiludido no escuro

No manto escuro da noite profunda,  
Um tiro desiludido ecoa,  
Sonhos em fragmentos, como fogos de artifício,  
Gritos silenciosos que só a alma ouve.

Tinta escorre, um rio de melancolia,  
Ao abismo eu me atenho, dança delicada,  
A morte, um desejo velado,  
Aliviando a dor que nunca se cansa, nunca se apaga.

Não quebre minha vontade, ó destino cruel;  
Hoje, eu me refugio na sombra da pena.  
Sangue encharca a terra onde durmo,  
Sonhos ausentes que nunca se esgueiram.

O peso do mundo se ergue como um fardo,  
Enquanto o relógio quebrado girando me observa,  
Rochedo desbravando um obstáculo mortal,  
Com tinta na mão, traço meu destino poético.

Na praia as ondas se despedaçam,  
O sol derrete, tingindo a areia,  
A maré canta sua canção ancestral,  
Tempestades distantes, ecos de um futuro.

Pena esfarrapada flutua na brisa,  
Conto estrelas que nasceram de tinta nebulosa,  
Uma lua crescente vigia a realidade,  
Como se cada palavra sob a pena devesse obedecer.

Turistas riem, sem saber do meu lamento,  
Lixo de aves em suas fogueiras,  
Enquanto o mundo se desenrola em cores,  
Pássaros dançam alto, desafiando a gravidade.

Oh, tinta, meu porto seguro,  
Quebrando correntes invisíveis e frias,  
Deixo que o fogo da vida arda,  
Enquanto voar é meu único desejo.

Por entre a escuridão, um poema emerge,  
A luz da alma luta para se erguer,  
E mesmo no abismo, encontro beleza,  
Na pena que pinta, na dor que me faz viver.

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