Em câmaras do peito, onde a solidão reside.
Um fantasma, talvez, ou apenas o ar que esvoaça,
Entre as árvores sombrias, onde a alma se esconde e chora.
Este mundo é belo, sim, um espetáculo grandioso,
Mas a sua glória me fere, um fardo doloroso.
Eu vivo no seu esplendor, sob o céu imenso e azul,
E, contudo, construo o meu inferno, cruel e habitual.
Ao lado do seu, meu inferno se ergue, sombrio e denso,
Em salas cinzentas, onde os pensamentos são tênues e frágeis, como o vento.
Minha arte, complicada e amaldiçoada, se contorce,
Como sombras minguantes, sem força ou vigor.
Uma voz sem boca, um grito silencioso e mudo,
Nunca será suficiente, nunca serei completo ou pleno.
A bênção da luz, tão próxima, tão distante, um abismo intransponível,
Se eu não posso brilhar, se a chama em mim se extingue e se esvai...
Chega? A pergunta persiste, uma ferida que sangra sem cessar,
A angústia de ver e saber, o peso de um destino cruel e amar.
Sozinho comigo mesmo, em meu próprio tormento me afogo,
Em um mar de sombras, sem porto, sem descanso, sem abrigo.
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