Caminho entre sombras, onde o tempo é errante.
Uma casca sussurra, de mim, o que foi,
E ao vento do caos, um poema se foi.
Eras de sonhos e lágrimas quentes,
Reflexo em poças de momentos latentes.
Fragmentos de riso, um eco sereno,
Na dança das horas, no espírito pleno.
Eu via o mundo com olhos de criança,
Cada passo uma história, cada queda uma dança.
Os medos eram sombras, a coragem, luz.
O amanhã era um canto que adormecia a cruz.
Mas as folhas caíram e o tempo deslizou,
A casca se espelhou no que o coração não revelou.
Como um rio que corre, que nunca se cansa,
Fui moldando, aos poucos, minha própria bonança.
Agora, na névoa, busco o que sobrou,
Um eco profundo do homem que eu sou.
Toda a dor que em mim se fez poesia,
É a tinta da vida que o destino me guia.
Respira, casca leve, não tema o passado,
Nos braços da bruma, há um futuro aninhado.
E se olhares pra dentro, encontrarás a luz,
Na casca que habita, há um mais que reluz.
Assim sigo, celeiro de fatos e fados,
Transformando memórias em versos sagrados.
Porque na essência do ser, há magia a fluir,
Sou mais que uma casca; sou tudo a existir.
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