13 de dez. de 2024

A Solidão do Poeta - Caminhos da Dor e da Memória

A alma do poeta, jamais só,  
Em amor encontrou um lar, um dó.  
Lágrimas que caem, ninguém pode secar,  
Em seu olhar, um mar sem fim a navegar.

O silêncio, chave da solidão sem fim,  
Na mente do assassino, sangue sem alívio, sem fim.  
Duradoura intimidade, busca em vão,  
Como criança a ler, em esforço sem razão.

A morte o cerca, prende sua vontade,  
Na dor persiste, amarrada à saudade.  
Céus noturnos, em fúria se franzem,  
E o sol se põe, como Lúcifer, que se desfaz.  

Nos poços da terra, um meteoro a cair,  
A dor persiste, a esperança a se afogar.  
Luz brilhante na noite, fulgor intenso,  
Asas de demônio, em voo imenso.  

Lúcifer ri, asas abertas, triunfante,  
A morte chega, a tudo e a todos constante.  
Imagens perturbadoras invadem a mente,  
Deixando o amor, tão próximo, tão distante.  

Das nuvens à grama, trajetória obscura,  
Como ogro que possui um burro, figura dura.  
A brisa, Odin, sopro de vida e de dor,  
Para o homem e a mulher, o eterno temor.  

Sombras de Ask e Embla, em cena sombria,  
Adão e Eva, a culpa, a história antiga.  
O fruto proibido, o primeiro pecado,  
A queda do homem, o destino selado.  

12 de dez. de 2024

Proibido 2

Deusa de luz, em véu de estrelas tecida,
E eu, demônio em sombras, alma ferida.
Proibido o nosso amor, um fogo ardente,
Que desafia os céus, um anseio constante.

Lembro o sol que um dia em mim brilhou,
Antes da maldição, antes que o fado me quebrou.
Fera agora sou, em trevas envolto,
Mas em teus olhos, um paraíso é desvelado.

És a aurora que incendeia a noite escura,
A esperança que renasce, pura e segura.
Neste amor impossível, encontro a redenção,
Um luar em meu inferno, doce emoção.

Embora os deuses nos condenem ao pesar,
Nosso amor proibido, jamais deixaremos de amar.
Um desafio ao destino, uma chama a queimar,
Para sempre unidos, a nossa história a gravar.

Proibido 1

Mas ela é uma deusa, e eu sou um demônio.
O que ela vê em mim?
Nosso amor é proibido neste universo.
Eu já fui tão bonito quanto o sol,
Agora, sou uma fera, amaldiçoado e quebrado.
No entanto, em seus olhos, encontro esperança,
Um amor que desafia as estrelas.

Apocalipse

Cada dia acordado, no apocalipse, um cinzento amanhecer,
Olho as nuvens vazias, um céu sem cor, sem querer.
Desprovidas de felicidade, de alma, um vazio profundo,
Velhas brasas cintilantes, caem em lento e fúnebre mundo.

Empoeiradas e secas, lembranças de um tempo florido,
Um eco distante de risos, em silêncio, agora esquecido.
Nada resta, apenas cinzas, um pó que se espalha sem fim,
As ruínas de um sonho, em cada canto, um grito sem sim.

Como todas as coisas, antes disso, reduzidas à poeira,
Um presente em escombros, um futuro sem a verdadeira
Esperança que um dia floresceu, vibrante e radiante,
Agora apenas sombras, lembranças, um passado distante.

O sol, um astro pálido, observa a terra desolada,
Um testemunho mudo, de um mundo devastado e freado.
E eu, um espectro vagando, nesse deserto de dor,
Busco um sentido perdido, num futuro incerto e sem amor.

11 de dez. de 2024

Mar de Lodo

A terra geme, um grito subterrâneo,  
E o asfalto chora, negro e sangrento rio.  
Rochas, titãs adormecidos, despertam em tormento,  
Carcaças de aço flutuam, num mar de lodo lento.  

Refluxo brutal, fúria descontrolada,  
Lama viscosa, força inabalável, insaciada.  
Sem piedade, corre um monstro de barro e dor,  
Engolindo sonhos em seu fatal furor.  

Casas, lembranças, vidas, em turbilhão se perdem,  
O lamento silencioso, em silêncios se derretem.  
Um deus de lama, imenso e implacável, avança,  
Sufocando esperanças, numa tragédia que espanta.  

O eco da tragédia, na memória cravado,  
Um fardo pesado, num silêncio assolado.  
Restou o silêncio, a cicatriz no chão,  
A dor que permanece em cada coração.

10 de dez. de 2024

Chega?

Chega? A pergunta ecoa, vazia e fria,  
Em câmaras do peito, onde a solidão reside.  
Um fantasma, talvez, ou apenas o ar que esvoaça,  
Entre as árvores sombrias, onde a alma se esconde e chora.  

Este mundo é belo, sim, um espetáculo grandioso,  
Mas a sua glória me fere, um fardo doloroso.  
Eu vivo no seu esplendor, sob o céu imenso e azul,  
E, contudo, construo o meu inferno, cruel e habitual.  

Ao lado do seu, meu inferno se ergue, sombrio e denso,  
Em salas cinzentas, onde os pensamentos são tênues e frágeis, como o vento.  
Minha arte, complicada e amaldiçoada, se contorce,  
Como sombras minguantes, sem força ou vigor.  

Uma voz sem boca, um grito silencioso e mudo,  
Nunca será suficiente, nunca serei completo ou pleno.  
A bênção da luz, tão próxima, tão distante, um abismo intransponível,  
Se eu não posso brilhar, se a chama em mim se extingue e se esvai...  

Chega? A pergunta persiste, uma ferida que sangra sem cessar,  
A angústia de ver e saber, o peso de um destino cruel e amar.  
Sozinho comigo mesmo, em meu próprio tormento me afogo,  
Em um mar de sombras, sem porto, sem descanso, sem abrigo.

Tolerância

A sombra da sua presença, um véu denso e opaco,  
Sufoca a minha essência, um grito silencioso e fraco.  
Não posso ser sensível; a fragilidade me condena,  
A risada que me fere, uma ferida que se abstém de se queixar.  

As minhas batalhas, travadas em silêncio, em solidão,  
A voz que se cala, em busca de uma trégua, de um perdão.  
A minha identidade, um espectro sem nome, sem lugar,  
Em busca de um reflexo que não encontra seu traço a mirar.  

A máscara que eu visto, moldada à sua imagem, fria e dura,  
A obediência forçada, uma prisão que me aprisiona e amargura.  
Os meus passos medidos, na linha tênue que me é traçada,  
A memória que se apaga, uma lembrança esvaziada.  

O "seguir em frente", um mantra repetido, sem consolo,  
Deixar ir, um vazio, um deserto sem o meu solo.  
A força que me exigem, um fardo que me esmaga,  
Em sua presença sufocante, o meu eu se desintegra e se frange.  

Tolerância, ironicamente, se veste de opressão,  
Um silêncio imposto, uma violência sem expressão.  
A minha individualidade, presa em grades invisíveis,  
À espera de um amanhecer onde a liberdade seja possível.

9 de dez. de 2024

Tristeza

A tristeza chora em tom menor,  
Um milhão de canções, sem teor.  
Desafinadas, notas que gemem,  
Em ecos vazios, que a alma consomem.  

Mas julgar o som seria cruel,  
Pois a melodia é um sofrimento real.  
Cada nota triste, um grito profundo,  
Uma alma em prantos, buscando o mundo.  

Um apelo mudo que o peito oprime,  
Na busca incessante de um alívio sublime.  
A dor se espalha em tons desbotados,  
Em sussurros baixos, quase esquecidos.  

Deixe a canção fluir, desafinada e sombria,  
Sua dor exposta numa ária sinfônica e fria.  
Pois na libertação desse canto sofrido,  
Há um bálsamo oculto, um consolo escondido.

Na escuridão do dia

Na escuridão do dia, onde sombras se alongam,  
E os olhares se perdem em sonhos que vagam,  
Dois corações, como estrelas em noite sem lua,  
Se encontraram, em chama, num encontro de duas.  

Na parede da fama, onde brilham os grandes,  
Eles encontraram algo maior, em seus próprios lares,  
Um magnetismo, força que os uniu,  
Em abraço apertado, amor que transcendeu.  

Quatro braços entrelaçados, em perfeita união,  
Respirações ritmadas, batidas em harmonia ao som,  
Um compasso de paixão, que ecoa sem fim,  
Um laço indissolúvel, que nada pode quebrar, nem desvendar.  

Relutância em separar, um desejo profundo,  
Cada toque, cada olhar, um presente que a alma amou,  
Um anseio constante, uma sede sem fim,  
Os braços ainda te buscam, meu eterno amor, meu jardim.  

A memória da sua pele, perfume em minha alma,  
Um aroma que persiste, um encanto que acalma,  
Gravadas em meus genes, lembranças que não morrem,  
Um eco suave, que em meus sentidos permanece.  

Uma única lágrima, uma gota de emoção,  
De seu oceano de afeto, uma doce explosão,  
Me rendo sem reservas, em sua doce corrente,  
Em seu abraço profundo, me encontro novamente.  

A escuridão da noite, palco de nosso amor,  
Onde as estrelas testemunham, com sua luz tão maior,  
Uma promessa eterna, um pacto selado,  
Dois corações unidos, para sempre apaixonados.  

E assim, na penumbra, onde sonhos tomam forma,  
Nossas almas se encontram, numa dança que transforma,  
Um amor sublime, que o tempo não apaga,  
Um romance eterno, em cada memória que vaga.

Uma melodia breve

Uma melodia breve, um doce sussurro ao mar,  
Em meus ouvidos, uma rapsódia a vibrar.  
Olhos serenos, inocência a brilhar,  
Uma história silenciosa, só o coração a escutar.  

A aliança, um fulgor próximo e intenso,  
Chamando a alma, num convite imenso.  
A armadura do amor, a começar a fulgir,  
Uma tênue esperança, num sonho a surgir.  

Pelo terraço, a passos leves, lado a lado,  
Sentimentos ocultos, sem pudor, sem engano.  
Olhares cúmplices, em cada passo dado,  
Um romance em flor, em pleno desabrochar.  

Mas o caminho, breve, a nos separar,  
Um olhar indelicado, a tudo desestruturar.  
A doce melodia, em silêncio se cala,  
A esperança, em prantos, se desata.  

Ainda que a sombra caia e a dor se instale,  
A lembrança da melodia, em meu peito, se instala.  
A beleza efêmera, em minha mente perdura,  
Um amor transitório, mas eterna a sua ternura.

8423 km

Oito mil, quatrocentos e vinte e três quilômetros,  
Uma linha tênue que o mapa traça em vão.  
O Atlântico imenso, em ondas que gemem,  
Separa corpos, mas não o coração.  

Do sol espanhol, a luz que te acalenta,  
Ao calor tropical que a minha pele beija,  
A distância grita, porém, a alma não tenta  
Esquecer a promessa que o nosso amor sujeita.  

Brasil e Espanha, em cantos tão distintos,  
Conectados por um fio invisível, forte e puro.  
Um sonho tecido em letras e sussurros insistentes,  
Que transcende fronteiras, num anseio maduro.  

Em cada estrela que brilha na noite escura,  
Vejo um reflexo do teu olhar distante.  
Em cada onda que quebra na praia segura,  
Sigo o teu caminho, em sonho constante.  

E, embora o oceano nos separe por agora,  
O amor que nos une sobrevoa sem receio.  
Um dia, a distância deixará de ser tortura,  
E os nossos corações, enfim, baterão em uníssono, cheios de alívio.

8 de dez. de 2024

A Terra rejeita todos os anagramas

A Terra geme, um útero de sombra e dor,  
Rejeitando anagramas, vil mal, na sua forja.  
Hades sussurra, na escuridão, um horror,  
Pai e ascensão, promessas feitas a uma forja.  

O Diabo vivido pulsa, um coração de trevas,  
Doador de tornados, fúria sem alívio.  
Deus nega a salvação, o cão da alma se eleva,  
E o silêncio, licença, para o derradeiro frio.  

A maré, caprichosa, ao seu comando se curva,  
Afogando a canoa do homem em ondas negras e frias.  
Seu oceano de ódio, um abismo que o cerca,  
E a Terra, implacável, nega-lhe todas as vias.  

Sem perdão, sem descanso, só a escuridão profunda,  
O eco do desespero, um lamento sem igual.  
A Terra se fecha, num abraço sem ternura,  
E o homem, em sua fragilidade, sucumbe ao fatal.

Festa na Floresta

Com pelos brancos, mais brancos que a neve,
Olhos frios, mais frios que a pedra fria,
Por que te escondes nesta casa na floresta,
Onde o eco da caça se espalha na aflição?

Não é apenas festa, a dança sombria,
Que homens traçam na floresta escura e fria.
Há mais que vinho e risos, nesta noite de mal,
Há o cheiro de sangue, um presságio fatal.

Visões cegas, de verde intenso e mortal,
Te rondam, te assombram, um prenúncio fatal.
Ouves o latido distante, o grito que vem da mata?
Vai embora, enquanto podes, antes que seja tarde demais.

Pois teu filhote, inocente e tão pequeno,
Pode ser presa fácil, um troféu tão ameno.
Seu pêlo, arrancado, para cobrir a carne de outro,
Em fúnebre oferenda, um ritual tão obscuro.

A floresta sussurra, em segredo e dor,
Uma cantiga fúnebre, que gela o teu redor.
Reflete, criatura, em tua condição selvagem,
Escapa desta festa, desta terrível imagem.

Todo eu

Na névoa densa da memória, preso estou,
Por fantasmas do passado, o meu ser é roubou.
Medos que me aprisionam, um véu sobre a face,
A sombra da saudade, em cada traço e espaço.

Feridas abertas, que recusam cicatrizar,
Uma dor constante, que me faz sucumbir.
O tempo, cruel, não cura, só amplifica a dor,
A lembrança teima em persistir, em cada alvor.

Lembro o teu choro, e as lágrimas que enxuguei,
O teu grito angustiado, que eu tentei acalmar.
A mão que eu segurei, por anos, sem cessar,
Agora me prende, em tormento sem igual.

Brilhante a tua luz, um encanto sem par,
Mas essa mesma luz, me deixou na escuridão.
O teu rosto nos sonhos, outrora tão afável e amável,
Agora um espectro terrível, que apavora a minha alma.

Essas feridas sangram, sem nunca estancar,
Esta agonia profunda, impossível de apagar.
Choro teu choro, luto teus medos em vão,
Preso à tua memória, neste eterno lamento.

Tento te esquecer, mas em vão tento lutar,
Embora ausente, tua presença ainda me assombra, em cada lugar.
Choro o teu choro passado, a tua dor eu sentia,
Em vão, os teus medos, eu os combatia.

Não posso mais te segurar, minha amada, meu amor,
Levaste tudo de mim, restando apenas a dor.
Preso aos escombros do nosso amor, mergulhado em sofrimento,
Afogando-me em lembranças, num mar de desespero e lamento.

7 de dez. de 2024

Solidão

A penumbra do quarto, um silêncio profundo,
Só o teu sono, a respiração branda e mansa.
Coração batendo, um ritmo lento e fundo,
Contador de histórias, em cadência estranha.

Olhos fixos em ti, um olhar desvairado,
Em desespero mudo, um anseio contido.
Cheiro a carne queimada, um aroma pesado,
Como casas em ruínas, onde o amor dormiu, outrora vivido.

Ressinto-me em ti, deste fardo carregado,
Uma vida em comum, que não mais desejo.
Aceito a minha parte, sem palavras ditas, magoado,
Na solidão que cresce, este laço silencioso.

E o quarto se enche, de uma quietude fria,
Sobre as casas em cinzas, onde o nosso amor jaz.
Mas tu dormes em paz, e eu, em agonia,
Te deixo descansar, nesse mar de cinzas e paz.

6 de dez. de 2024

Arrastando Você Para o Inferno

Arrasto-te para a escuridão infernal,
Evoluído em monstro, infernal e real.
A força cresce a cada verso que escrevo,
A cada pensamento, à beira do abismo me elevo.

Eternidade se espreita, em meus olhos da mente,
Um sangrar de tinta negra, sem fim, sem contente.
Dos poros, a escuridão, um fluxo constante,
Não sou mais quem fui, pela sombra assombrado e avante.

Dizem que a ausência acende o afeto, é verdade?
Mas a falta de luz me une à noite, à saudade.
Me uno à escrita, à escuridão que me veste,
E enquanto evoluo, um reino sombrio contesto.

Sou o rei da treva, ninguém ousa desafiar,
Neste meu domínio, não há como escapar.
Agarre-se à minha alma, às minhas asas douradas,
Cante o triunfo da noite, soberana e sagrada.

Não é um sonho, ouça os gritos, um coro feral,
Rios de sangue caem dos céus, um espetáculo infernal.
Não há confissão, possessão é a lei,
Seu último apelo, selado em agonia, é lei.

Um pacto selado, eu sei, não é ideal,
Mas tudo será revelado, sem véu, sem disfarce fatal.
Sua alma se derrete, no calor infernal ardente,
Minha missão completa, seu destino é evidente.

Preso a este lugar, como cimento, seus pés,
Mais uma coisa antes de partir, antes que me esqueças:
Desculpe, você teve de engolir a amarga verdade,
Deveria ter acreditado, antes da fatalidade.

Mas não se preocupe, acostumar-se-á ao cheiro,
Enquanto te arrasto, direto para o inferno, sem receio.

Um Fogo Interior

Uma brasa pequena, um cintilar sutil,
Um brilho fraco, um segredo no fuzil.
Dentro da cinza, um potencial imenso,
Um fogo adormecido, um calor intenso.

Sopre bem leve, com paciência e amor,
A chama vacila, mas logo toma o cor.
Cresce e dança, um espetáculo belo,
Tremendo e forte, um abraço completo.

Leva você ao limite, um calor que queima,
Mas firme e constante, a chama se aleia.
Na barriga um calor, no peito a paixão,
Uma energia pura, uma doce emoção.

Dança e gira, um turbilhão de luz,
Descanse agora, confie na sua cruz.
Relaxa o coração, deixa o fogo ascender,
Um abraço antigo, que volta a aquecer.

Na garganta soa, nos olhos brilha forte,
Um grito silencioso, uma explosão de sorte!
Sua presença intensa, avassaladora e real,
Afasta as sombras, a escuridão fatal.

As noites frias, e a solidão sem fim,
Perdem o poder, num raio fulgurante assim.
Pois o fogo interior, que arde em seu ser,
Ilumina a alma, faz o espírito crescer!

5 de dez. de 2024

Dores do Crescimento

Nos ecos suaves de um passado distante,  
Os novos homens te veem, fascinados,  
Naquela foto fresca, teu sorriso é constante,  
Mas entre nós, mil segredos guardados.  

Tu sussurras, talvez, numa dança enigmática:  
“Apenas não estou a te ignorar,”  
Mas cada riso, uma luta dramática,  
Com a verdade alvo a naufragar.  

Sabem eles, que em teus olhos brilha,  
A chama antiga, ardente e real?  
Que anseias por mim, como a família,  
Querendo ao meu lado um tempo ideal?  

Fui escolhido, um relance divino,  
Mas na sombra, um amor escondido,  
Tu guardas verdades, um doce destino,  
Enquanto o outro, sempre o preferido.  

Conversas flutuam, como fantasmas,  
Os anos se passam, e eu te protegi,  
Em meio às culpas, nas mentes às tramas,  
Teu amor nunca disse, mas eu sempre vi.  

E quando as águas do pecado ameaçam,  
Eu me perdoo, com lágrimas secas,  
Pois em tua teimosia, os laços se traçam,  
Entre dor e um sonho, em palavras esporádicas.  

Serás tu a mulher que ilumina o caminho?  
Ou estarei apenas num labirinto sem fim?  
Ano após ano, suportando o desatino,  
Buscando em teus olhos, um vislumbre de mim.  

Eu nunca fiz

Eu nunca fiz, e ainda assim,   
Você me viu rastejando, frágil,   
Para fora do meu único abrigo,  
O qual jurei nunca deixar — um sussurro.  

As sombras dançavam em volta,  
E eu, perdido em labirintos,  
Fui buscar o reflexo do que fui,  
Um eco do desejo, um espelho quebrado.  

Procurei em cada esquina,  
Depois de todo esse tempo,  
Estou encharcado de seus sonhos e esperanças,  
Mas onde está o meu? Ah, onde está?   

Eu vi você construir um império,  
Mais alto que as nuvens,  
E em um momento de descuido, caíste,  
Como uma palmeira cortada ao vento.  

Bebeste o vinho sagrado,  
E a embriaguez foi tão doce,  
Mas na crueza da vida,  
Vomitaste os destinos e os enganos.  

Você não pode me acusar dos meus pecados,  
Não há um tribunal que me julgue,  
Toda a culpa que você carrega,  
É o fardo que recai sobre seus ombros.  

Tudo o que pedi foi liberdade —  
Libere-me, por favor,  
Mas, claro, você não pode fazê-lo,  
As correntes de um amor desgastado nos prendem.  

4 de dez. de 2024

Olhos Castanhos

Olhos castanhos, profundos como a terra,  
A primeira vez que te vi, o mundo parou.  
Um sonho despontava, vibrante na primavera,  
E naquele instante, o meu coração voou.  

Você era tudo que sempre desejei,  
Um eco de esperanças, um canto de mar.  
Sabia que na dança dos destinos, eu ansejei,  
Ter você ao meu lado, para sempre amar.  

Mas a luz da paixão cegou meu olhar,  
Perdi-me na sombra da luxúria fugaz,  
Ignorando os sinais que pareciam gritar,  
Teimoso no impulso, perdi a minha paz.  

Agora, no silêncio, o eco da lembrança,  
Das risadas e risos que um dia foram nossos.  
Mas a fragilidade da beleza e da dança,  
Revela que o amor também dança com os ócios.  

Coração partido, como vidro quebrado,  
Sinto a dor profunda que não vai se calar.  
Mas entre as lágrimas, algo é despertado,  
Um sopro de esperança que insiste em brilhar.  

Ser uma Ave Marinha

Ser uma ave marinha,  
Uma sombra a deslizar,  
Sobre as ondas que murmura,  
Um sussurro no ar.  

Dizem que não as amam,  
Que são todas iguais,  
Sem saber que na vastidão,  
São as nuances que trazem paz.  

Se numa conversa amiga,  
Meu espírito compartilho,  
“Como uma ave marinha”,  
Pergunto, “qual é o seu brilho?”  

Há tantas variações,  
De plumagens e cores,  
Do azul profundo da brisa,  
Aos dourados de alvorada, em flores.  

Voar rápido é um risco,  
É a cegueira de um impulso,  
Mas no abismo do oceano,  
Procuramos nosso impulso.  

Ah, eu sou essa viajante,  
Perdida entre mares e céus,  
Buscando a dança dos meus,  
Onde ecoam os meus véus.  

Às vezes, sigo sozinha,  
Pelo sal e pela bruma,  
Um grito que se levanta,  
Na imensidão da espuma.  

Grasnamos em harmonia,  
Ou em solidão, um lamento,  
Mas por trás de cada canto,  
Há um profundo sentimento.  

Ser uma ave marinha,  
É buscar sem descansar,  
Um lugar entre os da mesma espécie,  
Um lar para recomeçar.  

A Mão Final

Construímos um sonho, pedra por pedra,  
Uma casa de amor que chamamos de nossa.  
Mas o tempo revelou sua estrutura frágil,  
E o amor deu lugar à perda e à culpa.  

Sua risada agora, uma faca amarga,  
Nós esculpimos nosso ódio na vida de casados.  
Cada palavra uma arma, afiada e cruel,  
Nossos corações o campo de batalha, a regra.  

Os muros que erguemos começaram a cair,  
Mas ainda assim, lutamos para ter tudo.  
Não por amor, mas pelo orgulho,  
Que queimava forte demais para deixar de lado.  

E quando o fim ficou frio e próximo,  
Você me alcançou, através do ódio e do medo.  
Mas enquanto os escombros nos fechavam,  
Eu vi a verdade por trás do nosso pecado.  

Eu segurei sua mão, mas senti a picada—  
Você me deixou ir. Eu fiquei com o anel.  

Agora, o eco do que fomos é um sussurro,  
Na Ruína, um fragmento de um sonho passado.  
E ao lembrar do que uma vez floresceu,  
Entre as sombras, brota a luz do que restou.  

Com cada lágrima, cada sorriso perdido,  
Aprendi que o amor não é só alegria.  
É o espelho quebrado de uma história eu e tu,  
Onde as cicatrizes se tornam poesia.  

Assim, em meio aos escombros de um lar desgastado,  
A vida se renova, mesmo entre as cinzas.  
E ao sol nascer, por entre as feridas,  
Eu danço, livre do que nos aprisionava.  

Concessão

Em cada grito silencioso que escrevi,  
Nascem versos de um sonho antigo,  
Um momento lúcido na loucura que me habita,  
Sugando a tristeza, dançamos, eu e o abrigo.  

Cinquenta e um anos nas sombras,  
Alguns proclamam: «Ele prosperou!»  
Enquanto outros murmuram, em ecos de dúvida,  
«Como ele ainda está vivo, onde o tempo passou?»  

Sobrevivi à noite eterna,  
Perdidos em dias que escorrem,  
Nosso tempo, numa ampulheta quebrada,  
Consulta ao escuro; a luz que socorre.  

Vítima silente de minhalma confusa,  
Minha última imaginação em campo de batalha,  
Culpas gravadas nas águas do tempo,  
Interpretações errôneas, uma armadilha.  

Na juventude, as vozes foram claras,  
Mas o eco da sabedoria foi deixado para trás,  
Esta meia-noite que nunca finda,  
A escuridão eterna me envolveu em paz.  

Quando tudo se silenciar  
E as palavras forem apenas sussurros,  
Estarei só, navegando correntes de plena extensão,  
Com linhas escritas em capítulos obscuros.  

Esta última página, um toque sutil,  
Da história que ninguém voltará a ler,  
Cinquenta e um anos de aprendizado amargo,  
Agora concedo ao mundo meu último sofrer.  

À escuridão que me cerca, eu me curvo,  
Com gratidão pela lição que se firmou,  
Minha última confissão, um eco profundo,  
A concessão final de quem sempre procurou.  

Tiro desiludido no escuro

No manto escuro da noite profunda,  
Um tiro desiludido ecoa,  
Sonhos em fragmentos, como fogos de artifício,  
Gritos silenciosos que só a alma ouve.

Tinta escorre, um rio de melancolia,  
Ao abismo eu me atenho, dança delicada,  
A morte, um desejo velado,  
Aliviando a dor que nunca se cansa, nunca se apaga.

Não quebre minha vontade, ó destino cruel;  
Hoje, eu me refugio na sombra da pena.  
Sangue encharca a terra onde durmo,  
Sonhos ausentes que nunca se esgueiram.

O peso do mundo se ergue como um fardo,  
Enquanto o relógio quebrado girando me observa,  
Rochedo desbravando um obstáculo mortal,  
Com tinta na mão, traço meu destino poético.

Na praia as ondas se despedaçam,  
O sol derrete, tingindo a areia,  
A maré canta sua canção ancestral,  
Tempestades distantes, ecos de um futuro.

Pena esfarrapada flutua na brisa,  
Conto estrelas que nasceram de tinta nebulosa,  
Uma lua crescente vigia a realidade,  
Como se cada palavra sob a pena devesse obedecer.

Turistas riem, sem saber do meu lamento,  
Lixo de aves em suas fogueiras,  
Enquanto o mundo se desenrola em cores,  
Pássaros dançam alto, desafiando a gravidade.

Oh, tinta, meu porto seguro,  
Quebrando correntes invisíveis e frias,  
Deixo que o fogo da vida arda,  
Enquanto voar é meu único desejo.

Por entre a escuridão, um poema emerge,  
A luz da alma luta para se erguer,  
E mesmo no abismo, encontro beleza,  
Na pena que pinta, na dor que me faz viver.

3 de dez. de 2024

Uma casca do homem que eu costumava ser

No crepúsculo suave de uma memória distante,  
Caminho entre sombras, onde o tempo é errante.  
Uma casca sussurra, de mim, o que foi,  
E ao vento do caos, um poema se foi.  

Eras de sonhos e lágrimas quentes,  
Reflexo em poças de momentos latentes.  
Fragmentos de riso, um eco sereno,  
Na dança das horas, no espírito pleno.  

Eu via o mundo com olhos de criança,  
Cada passo uma história, cada queda uma dança.  
Os medos eram sombras, a coragem, luz.  
O amanhã era um canto que adormecia a cruz.  

Mas as folhas caíram e o tempo deslizou,  
A casca se espelhou no que o coração não revelou.  
Como um rio que corre, que nunca se cansa,  
Fui moldando, aos poucos, minha própria bonança.  

Agora, na névoa, busco o que sobrou,  
Um eco profundo do homem que eu sou.  
Toda a dor que em mim se fez poesia,  
É a tinta da vida que o destino me guia.  

Respira, casca leve, não tema o passado,  
Nos braços da bruma, há um futuro aninhado.  
E se olhares pra dentro, encontrarás a luz,  
Na casca que habita, há um mais que reluz.  

Assim sigo, celeiro de fatos e fados,  
Transformando memórias em versos sagrados.  
Porque na essência do ser, há magia a fluir,  
Sou mais que uma casca; sou tudo a existir.  

Cartas de Amor do Inferno

Nas trevas do abismo, onde almas se perdem,
Palavras de fogo rasgam o véu da escuridão.
Amor torcido, contorcido em chamas eternas,
Queima as páginas com sua paixão demoníaca.

Cada linha, uma lâmina que corta o coração,
Cada verso, um grito de desespero e solidão.
Sentimentos ardentes, viscerais e profanos,
Revelados nessas missivas do reino infernal.

Não há alívio, nem esperança nessas cartas,
Apenas a tortura de um amor condenado.
Escrito com sangue, suor e lágrimas ardentes,
Um legado sombrio de um romance amaldiçoado.

Nas profundezas do inferno, esse amor se consome,
Deixando apenas cinzas de um sonho que se foi.

2 de dez. de 2024

Ver você viver me enoja

Ver você viver me enoja, por que não morre?
Sua existência me incomoda, me desespera.
Seu rosto, sua voz, seu ser me apavora,
Pois nada de bom em você pude encontrar.

Seus atos, suas palavras, seu jeito me repugnam,
E minha paciência com você se esgotou.
Já não suporto mais sua presença, seu ar,
Seu vazio, sua falta de valor me assusta.

Desejo ardentemente que sua luz se apague,
Que dessa vida você se retire em breve.
Sua existência me envenena, me corrói,
E só vejo em você motivos para o seu fim.

Ah, se ao menos pudesse fazê-lo desaparecer,
Livrando-me desse fardo que me sufoca!
Seria um alívio, uma dádiva, uma bênção,
Ver você, fim de uma vez, deixar de existir.

Existir é Morrer em Viver a Vida

Nascer é o primeiro passo da jornada,
Um ciclo interminável que se renova,
Cada momento uma nova abordagem,
Cada instante uma chance de ser outra.

Viver é ter que morrer a cada dia,
Deixar para trás o que foi e não é mais,
Aceitar que nada é permanente ou inalterável,
Compreender que a vida é um eterno velar.

Morrer é renascer, é recomeçar,
É olhar para o futuro com novos olhos,
É deixar ir o que não serve mais,
É acolher o desconhecido com coragem.

Existir é esse morrer constante,
Esse viver que se transforma a cada instante,
É aceitar que a vida é um eterno devir,
E nela encontrar a beleza de simplesmente ser.

Existencialismo é o dever do Homem

Existir, um mistério profundo,
Uma inesgotável busca pelo mundo.
A condição humana, um fardo a carregar,
Onde a liberdade é o caminho a encontrar.

Nada é predeterminado, tudo é escolha,
Cada passo nosso constrói o que se deseja.
Somos a própria essência de nossas ações,
Moldes infinitos de nossa existência, coração.

Angústia e solidão, companhias constantes,
Mas também a oportunidade de nos tornarmos amantes
Da vida, do ser, do vir a ser, do presente,
Onde a autenticidade nos faz verdadeiramente conscientes.

1 de dez. de 2024

Judas Negro merece morrer

Judas negro, teu disfarce engana,
Tua malícia, o mundo contamina.
Falso amigo, tua lealdade se nega,
Tua traição, a Verdade submerge.

És o câncer que consome a esperança,
Devorando a luz que nos guia.
Tua falsidade, um veneno fatal,
Tua alma, escuridão que não se expia.