15 de out. de 2025

Ainda não morto

Ainda o pulso fraco em meu peito bate,
A vida, um sopro, a me abandonar.
Ainda não morto, a sombra me abate,
E a morte lenta a me lacerar.

Ainda procuro em vãos caminhos,
A chama acesa que um dia brilhou.
Ainda não morto, busco os meus vizinhos,
Mas o silêncio a tudo circundou.

Ainda a alma em leilão, mercadoria,
Troca-se a essência por vãs ilusões.
Ainda não morto, a dor que me atrofia,
Afoga em prantos as minhas canções.

Ainda na carne o fardo da existência,
A mortalidade a me consumir.
Ainda não morto, a triste decadência,
Um lento adeus que me faz sofrer.

Ainda o riso perdido, a voz em pranto,
Em cada suspiro a angústia a vibrar.
Ainda não morto, o tempo, qual manto,
Encobre a esperança, e faz definhar.

Ainda as asas cortadas, chão que prende,
Sem o voo livre, sem o céu azul.
Ainda não morto, o medo que se estende,
E o coração se afoga no escuridão do sul.

Ainda o tormento, a agonia presente,
Na alma ferida, no corpo em dor.
Ainda não morto, a morte iminente,
Um frio véu que encobre o amor.

Ainda a vida petrificante,
Na solidão que me faz tremer.
Ainda não morto, o tempo errante,
Que me condena a perecer.

Ainda a dor, fantasma incessante,
Em cada célula, a me dilacerar.
Ainda não morto, o instante diante,
Um eco fúnebre a me atormentar.

Ainda as lágrimas, salgas da memória,
Um rio amargo a me afogar.
Ainda não morto, a triste história,
De um adeus que tarda em chegar.

Ainda não morto, e a vida em pranto,
A morte chega, e eu aqui, a implorar.
Ainda não morto... mas já, tanto, tanto...
Morrendo em vida... a me acabar.

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