11 de jun. de 2025

Blues para Coltrane (Um Eco Cósmico)

Na penumbra do azul, eu me dissolvo,  
Um sopro de sax que a noite formou.  
Estrelas sussurram segredos antigos,  
E eu, peregrino, sigo seus signos.  

O ritmo dos deuses pulsa na veia,  
Um jazz que é fogo, que é dor, que é cheia.  
Coltrane me chama, sua nota é um grito,  
Corta o silêncio, faz o mundo infinito.  

Eu danço no vácuo, onde o tempo se curva,  
Cada acorde uma brisa, cada pausa uma turva.  
Sou pluma no éter, sou onda no mar,  
Um eco que voa, sem nunca parar.  

A lua me fita, guardiã do meu verso,  
E eu canto o pecado, o divino, o diverso.  
No staccato dos anjos, meu peito se parte,  
A música é Deus, e eu sou sua arte.  

Não me curvo a templos de pedra ou promessas,  
Meu altar é a nota que rasga as repressas.  
Coltrane me guia, seu sopro é meu norte,  
Uma melodia que ri da própria morte.  

8 de jun. de 2025

O Par Perfeito

Ele era um vendaval desordenado,  
Um caos de estrelas em noites tortuosas,  
Ondas que se erguiam, quebrando o silêncio,  
Um coração selvagem, sem porto ou promessa.  

Ela, um mosaico de cacos partidos,  
Alma ferida, costurada por sonhos frágeis,  
Carregava o peso de um céu sem lua,  
Até o dia em que seus olhos o encontraram.  

Ele, a chama; ela, o abrigo.  
Ele, o mar; ela, a âncora.  
No toque, o caos ganhou forma,  
Na troca, o vazio virou lar.  

Personalidades como polos opostos,  
Imãs que se buscam, se fundem, se formam.  
O amor deles, um incêndio suave,  
Que aquece sem queimar, que guia sem cegar.  

É um vento que dança, é um rio que canta,  
Imparável, eterno, um pulsar sem fim.  
No coração um do outro, se entrelaçam,  
Dois mundos distintos, um destino, enfim.  

7 de jun. de 2025

Chovendo

A chuva cai, um lamento frio,  
Goteja o tempo, congelante vazio.  
Era pra ser sol, era pra ser luz,  
Mas o céu se fecha, e o coração se reduz.  

Uma toupeira rasteja, na fundação do chão,  
Escava o silêncio, onde pulsa a solidão.  
Grita ao cair, mas ninguém ouve o som,  
O eco se perde, no abismo sem tom.  

O fedor se ergue, da carne que cede,  
Músculos flácidos, paralisia que impede.  
Horrível, sim, mas quem vai notar?  
No milharal preso, o horizonte a apagar.  

Queria a fama, chuva inebriante,  
Trovões de glória, um brilho constante.  
Do céu, do inferno, do abismo sem fim,  
Que viesse a torrente, que fosse por mim.  

Mas o tempo queima, a vida é brasa,  
No milharal cego, a alma se abrasa.  
Não há salvação, nem realização,  
Apenas a chuva, e sua fria canção.  

Que caia o grito, que se apague o cheiro,  
Na dança do gelo, no mundo inteiro.  
Se o horizonte some, e a esperança é vão,  
Resta a poesia, pulsar da escuridão.

6 de jun. de 2025

Sem Portas, Apenas Pulsos

Não há tranca que guarde o coração,  
Nem porta que feche a canção.  
Meus versos, como ventos errantes,  
Dançam livres, sem grades, constantes.  

Eles buscam, em silêncio, teu ser,  
Um refúgio onde possam florescer.  
Na tua alma, encontram seu lar,  
Um eco suave, a se entrelaçar.  

Dopamina em rios, sutil,  
Corre em veias, num pulsar febril.  
Teus pensamentos, os meus, se unem assim,  
Num instante eterno, sem começo ou fim.  

Não há chave, nem muro, nem véu,  
Apenas o pulso que une o meu ao teu.  
Nos versos, o mundo se faz comunhão,  
Dois corações, um só coração.

Até Dezembro Chegar

Sob o véu cinzento de um céu sem fim,  
Meu coração murmura, em dor e afim,  
Teu nome, um eco que não sabe parar,  
Um farol que brilha até dezembro chegar.  

Os dias se arrastam, pesados, tão lentos,  
Cada hora um vazio, cada instante um lamento.  
Mas no peito, o amor, firme, não desaba,  
É tua voz que o vento, em segredo, me traz.  

Ó distância, faca de corte sutil,  
Corta o tempo em pedaços, mas não o que sinto.  
Teus olhos, estrelas que o frio não apaga,  
Guiam-me a alma pela noite mais vaga.  

Quando dezembro vier, com seu sopro de gelo,  
Teu riso será o fim de todo anseio.  
Nos teus braços, o mundo há de se calar,  
E o tempo, vencido, não vai mais nos contar.  

Até lá, guardo-te em mim, como um verso sagrado,  
Cada pulsar, um passo ao teu lado sonhado.  
Dezembro trará teu calor, meu lar,  
E eternos seremos, até dezembro chegar.