Um trono frio, de silêncio e solidão.
Sob a terra, os arbustos hão de crescer,
Cobrirão a sepultura, sem nada a oferecer.
Nem o sol, com seu raio de luz fugaz,
Nem o beijo do vento, que dança audaz,
Tocarão a testa, pálida e sem cor,
Onde a vida se foi, restando o torpor.
A cada dia, eu me rendo ao pó,
Um esqueleto em construção, o que sobrou.
O tempo, cruel, despe seus encantos,
E os vermes banquetam-se em lentos mantos.
Numa noite, sob a lua a brilhar,
Um andarilho há de ao túmulo chegar.
Expulso do mundo, errante e sem lar,
Na estrada, meu bem, ele veio se encontrar.
Com ousadia, sussurro, com leve candor,
Convido-o a sentar, dividir meu temor.
E quando ele vir o que outrora fui,
Deitará ao meu lado, no chão que se formou,
Como em leito nupcial, onde o amor se formou.
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