25 de mai. de 2025

O Corpo Reina Sem Vida no Caixão

O corpo reina sem vida no caixão,  
Um trono frio, de silêncio e solidão.  
Sob a terra, os arbustos hão de crescer,  
Cobrirão a sepultura, sem nada a oferecer.  

Nem o sol, com seu raio de luz fugaz,  
Nem o beijo do vento, que dança audaz,  
Tocarão a testa, pálida e sem cor,  
Onde a vida se foi, restando o torpor.  

A cada dia, eu me rendo ao pó,  
Um esqueleto em construção, o que sobrou.  
O tempo, cruel, despe seus encantos,  
E os vermes banquetam-se em lentos mantos.  

Numa noite, sob a lua a brilhar,  
Um andarilho há de ao túmulo chegar.  
Expulso do mundo, errante e sem lar,  
Na estrada, meu bem, ele veio se encontrar.  

Com ousadia, sussurro, com leve candor,  
Convido-o a sentar, dividir meu temor.  
E quando ele vir o que outrora fui,  
Deitará ao meu lado, no chão que se formou,  
Como em leito nupcial, onde o amor se formou.

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