26 de mai. de 2025

A Distância - Um Coração em Silêncio

Você não está ao meu lado,  
Mas em mim seu nome é luz,  
Um amor que floresce calado,  
Em segredo, onde ninguém viu.  

Cresce quieto, como a brisa,  
Em raízes que o tempo teceu,  
Aguardando o dia em que a brisa  
Se torne aurora e revele o que cresceu.  

Quando nossos caminhos se cruzarem,  
Como rios que ao mar vão correr,  
Este amor, guardado, há de explodir,  
Num amanhecer que não vai se deter.  

A distância, um palco do cosmos,  
Tece o instante que há de chegar,  
divino, perfeito, em seu caos,  
Onde meu coração vai se declarar.  

Até esse dia sagrado,  
Guardo-te em preces ao luar,  
Em versos que o vento tem cantado,  
Nas dobras da alma a te esperar.

O Passado!

Sob um véu de névoa, o céu se curva, apaixonado,  
Onde o tempo foge, mas a memória é ancorada.  
No bosque silente, clássico e eterno,  
Segredos dançam entre o céu e o inferno.  

Árvores e pedras, anciãs de mil faces,  
Guardam contos gravados em rugas e traços.  
Sussurram ao vento, em folhas que caem,  
De risos, de luto, de amores que saem.  

A brisa é a voz do carvalho ancestral,  
Entoando o canto de um ritmo imortal.  
O musgo, um manto de veludo verde,  
Cobre os sonhos que o tempo perdeu e reteve.  

Junto ao riacho, o salgueiro se inclina,  
Suas lágrimas brilham na luz que ilumina.  
Cada pedra, cada rama, em segredo murmura,  
Uma sabedoria que o tempo não jura.  

Escuta o chamado, respira o passado,  
O bosque não dorme, é vivo, é sagrado.  
Ali a Terra guarda o eco de tudo,  
A glória, a ruína, o pulsar mudo.

25 de mai. de 2025

As Bordas da Solidão

As bordas da solidão,  
Como ondas negras em coma,  
Envolveram teus ombros frios,  
Um céu alienígena, sem sol, sem nome.  

Memórias de risadas, fragmentos leves,  
Caem como chuvas, súbitas, breves.  
Sob a lua cheia, a juventude uiva,  
Lobos vibrantes, livres, na noite viva.  

Cores pulsantes, outrora em chama,  
Tornam-se pores do sol, abstratos, que enganam.  
Perguntas dançam em tua mente excêntrica,  
Buscando o mistério onde a criação se replica.  

Magos tecem teias quânticas, frágeis,  
Prismas pegajosos, buscas incansáveis.  
Histórias de rua, faíscas na escuridão,  
Incendeiam a escrita, quebram a prisão.  

Mas o dragão, pacífico, incompreendido,  
Guarda reinos sob escamas, num rugido.  
Tensões crescem, gavinhas perturbadas,  
De um coração ferido, de promessas quebradas.  

Qualquer um pode tombar sob o peso,  
Do infortúnio, da tormenta, do vazio ileso.  
Como a mulher que segura o mar nos olhos,  
Severa, serena, um mistério em cachos.  

Perigosa, convulsa, de feitiços lunares,  
Encanta a lua, em seus rugidos raros.  
Sem palavras, apenas silêncios que gritam,  
Chiados estrondosos, onde sonhos habitam.  

Escura, silenciosa, a alma implora brilhar,  
Vidro partido, querendo se iluminar.  
E no ombro frio, um caminho se faz,  
Na solidão que corta, mas também refaz.

Linha Mais Larga

Linha mais larga, rasgada no chão,  
Alcatrão ferve na névoa do enxofre,  
Gota salgada, que a chama consome,  
Vapores sobem, o sal chove então.  

Vá, corta a bruma, não olhes atrás,  
Cerra os dentes, avança com gás!  
No pântano escuro, um passo audaz.  

Largo é o passo, a vista se faz,  
Clareira reluz entre dois lamaçais,  
Respira o instante, mas segue sem paz.  

Os pés te levam, não pedem porquê,  
Pântanos, brisas, do amanhecer até,  
Sem fim à vista, só o agora é teu.

Não Viverei Um Dia

Você é uma menina,  
De lábios silenciosos,  
Teu olhar acende brasas,  
Queimando em mim, ansioso.  

Suas cartas, doces versos,  
Sussurram no meu peito,  
Despertam um amor preso,  
Fogo vivo, jamais desfeito.  

Você é uma menina,  
De discursos sem resposta,  
Cada palavra tua é lança,  
Que o coração atravessa.  

Gelo e pedra se rendem,  
Diante do teu calor sutil,  
Meu mundo, que antes treme,  
Se curva ao teu abril.  

E eu, pronto para servir,  
Esquecerei o mundo em vão,  
Pois teu sopro faz revivir  
A chama no meu coração.  

Parece-me que estás tão perto,  
Teu pulsar me faz renascer,  
Não viverei um dia, por certo,  
Sem teu amor me aquecer.

Imitação Lendária

Ela, a mais velha, rebelde nascida,  
Filha de tecnocrata, mago da sina,  
Do sacrifício forja sua chama,  
Traduz padrão, código, em dor que se trama.  

Lógica vira corpo, ação que se faz,  
Lâmina isolada, intenção mordaz.  
Passo calculado, precede o destino,  
Caminha na corda, traçando o divino.  

Enforcada em vísceras, forro de prata,  
Vermelho pulsando, a cabeça arrebata.  
Coração dispara, ecoa o clamor,  
Sob a costela, curva-se a dor.  

Captora da tensão, gaiola a prender,  
O futuro se dobra, não sabe ceder.  
Dançarina do tempo, carretel a girar,  
Corre a linha da vida, morre sem tombar.

O Corpo Reina Sem Vida no Caixão

O corpo reina sem vida no caixão,  
Um trono frio, de silêncio e solidão.  
Sob a terra, os arbustos hão de crescer,  
Cobrirão a sepultura, sem nada a oferecer.  

Nem o sol, com seu raio de luz fugaz,  
Nem o beijo do vento, que dança audaz,  
Tocarão a testa, pálida e sem cor,  
Onde a vida se foi, restando o torpor.  

A cada dia, eu me rendo ao pó,  
Um esqueleto em construção, o que sobrou.  
O tempo, cruel, despe seus encantos,  
E os vermes banquetam-se em lentos mantos.  

Numa noite, sob a lua a brilhar,  
Um andarilho há de ao túmulo chegar.  
Expulso do mundo, errante e sem lar,  
Na estrada, meu bem, ele veio se encontrar.  

Com ousadia, sussurro, com leve candor,  
Convido-o a sentar, dividir meu temor.  
E quando ele vir o que outrora fui,  
Deitará ao meu lado, no chão que se formou,  
Como em leito nupcial, onde o amor se formou.

24 de mai. de 2025

Nuvens e Oceano

Minha mente flutua nas nuvens, leve e distante,  
Sonhos dançam no céu, em brisa constante.  
Meu coração mergulha no oceano profundo,  
Busca amor e luz, num anseio sem mundo.  

Perambulo só, com o peito em desespero,  
Frio, perdido, onde o vazio é sincero.  
A felicidade roubada por mãos traiçoeiras,  
Deus, guia meu rumo, dissipa as fronteiras.  

Mentiras e sombras tentam me sufocar,  
Negatividade insiste em me aprisionar.  
Mas peço, Senhor, que meu coração aprenda,  
A perdoar os erros, com a alma que se emenda.  

Nas nuvens, minha mente ainda voa, sonhadora,  
No oceano, meu coração pulsa, agora e outrora.  
Com fé, espero o amor, a luz que me conduz,  
Querido Deus, traga paz e o verdadeiro amor à cruz.

Responsabilidades da Liberdade

Não é só bandeira ao vento a tremular,  
A liberdade carrega um peso a sustentar.  
Muralha forte, mas frágil se não vigiar,  
Só é firme quando o chamado a defender soar.  

Vacila quando o orgulho cega a visão,  
Mas floresce na humilde e ousada ação.  
Seu teste é sutil, no silêncio a se formar,  
Nos instantes ocultos que ninguém vai mirar.  

Vive nas escolhas que fazemos sós,  
Onde honra e verdade plantam sua voz.  
Pede que jamais nos apartemos, por fim,  
De quem luta apenas para não sucumbir.  

Sua voz ecoa com graça a curar,  
Não fere, mas busca o mundo a transformar.  
A liberdade que brilha não é sem valor,  
Traz deveres a mim, a ti, com fervor.  
  
Liberdade é lembrar, com respeito e canção,  
Os sacrifícios que forjaram nossa nação.  
Sua chama exige de nós, com ardor,  
Honrar os que caíram por seu eterno amor.

Não Sucumbiremos

Há um pulsar que sinto ao sonhar nosso eterno,  
Um desejo que o coração, em silêncio, venceu.  
Minha alma, em luta, alcançou o superno,  
E Deus sabe: és tu o que sempre me venceu.  

Anos de dor, conformes à sombra que rói,  
Vinte e poucos sem teu toque na noite a me guiar.  
O tempo parou, e a alma quase se formou em nós,  
Sem alicerce, só decepções a me sufocar.  

Agora habito um reino de cura e verdade,  
Onde o amor é forte, tecido do pai da eternidade.  
Não apenas existo, não apenas ocupo o chão,  
Sou homem em chamas, no auge da minha ascensão.  
 
Outrora quebrado, um eco de desespero e lamento,  
Hoje forjado em esperança, com fogo que não se apaga.  
Mas sombras do passado tentam brilhar em tormento,  
E os demônios, teimosos, resistem à minha saga.  
 
No fundo, sob a pele, uma guerra sem fim,  
Onde só o amor pode erguer-se soberano e sadio.  
Um tremor abala os alicerces de mim,  
Pois dor e ventura não julgam quem as criou no vazio.  

Peço perdão até que o aprendizado me venha,  
Superando as cercas que ergui antes de ti.  
Com votos de amor, indômitos, sem peçonha,  
Provaste-me o fogo do amor, e não sucumbiremos, aqui.