No fio tênue entre a vida e o abismo,
Nas páginas rasgadas da minha história,
Eu contemplo a sombra de um heroísmo,
Um eco distante de outrora e glória.
Acanhado, o papel se torna testemunha,
Das linhas tortas de um destino aflito,
Cada curva um pedido, uma trégua,
Cada frase um lamento, um grito.
A dor faz-se arte nas bordas do vidro,
Cortando a pele como um verso calado,
Sangue desce em versos, um hino ladrido,
Última estrofe desse amor descompassado.
E neste teatro onde o silêncio é rei,
Eu me pergunto a cada passo que dou,
Se há beleza na ruína, ou se o que sei
É apenas um eco do que já passou.
Destruição iminente, a dança das chamas,
As cinzas se espalham, caindo como poeira,
E eu, em meu canto, já não tenho dramas,
A dúvida é um peso que a alma mensageira.
Eu fui, eu sou, e no fim, quem serei?
Um rascunho desfocado, uma sombra vagante,
Em meio à ruína, um sussurro...
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