Acima de ondas que se quebram,
Olhos perdidos em buracos no céu,
Cada um, um corvo que observa.
A lua, com seu sorriso brincalhão,
Engana os que a terra abraça,
Empurra Fratura à ressaca,
Onde sua essência se dispersa.
Torcendo, gritando, ele se despedaça,
Séculos em queda, machado cansado,
Na busca por vozes que o chamam,
Emaranhado na dor do passado.
Mudando, fervendo, chorando em silêncio,
Quebra-se sob pedras que o sostenham,
Corpo levado pelo vento,
Neve congelada que não cessa.
Um buraco vazio, em forma de corvo,
Voa pelo cinza do horizonte,
Esculpe listras da inexistência,
Caminhando ao túmulo da fratura.
No bico, um pincel de esperanças,
Garras que seguram latas de tinta,
Dá vida a ondas congeladas,
Pintando tributos ao que não fica.
Fratura jaz sob os mares profundos,
Coração de vidro, pulsante e sutil,
Um buraco vazio, ecoam os corvos,
Formas que não se vão, eternas no anil.
Enterrado sob areias pesadas,
Acorda de um sono que é tormento,
Sussurros agarram mãos e cabeça,
Tentáculos puxam-no ao fundo do tempo.
Tarde da noite, ela se empoleira,
Em sua árvore, ao lado do Robin,
Envolto em gelo, Fratura se retira,
Silenciosos gritos de um sonho que fenece.
Um buraco vazio, em forma de corvo,
Esculpe nada em seus sonhos perdidos.