15 de mai. de 2024

Judas Negro 2

No véu da noite cai o sussurro frio,
Segredos traídos pelo Judas Negro, vil.
Sua oferta é prata, seu gesto pequeno,
Vende a alma por nada, em um beijo terreno.

Ele vem sorrateiro, na penumbra da lida,
Na mão, um punhal, sorriso escondido.
O cuidado é escasso em sua marcha traiçoeira,
Pois no jogo da vida, ele é a peça derradeira.

Não se dobra ao afeto, nem temor, nem dor,
Pois Judas Negro escolhe a traição sem pudor.
Busca nos bolsos, mais do que na alma,
E nas migalhas vê sua efêmera palma.

Enleia-te em promessas, em falas amenas,
Mas seus olhos revelam intenções obscenas.
Troca a essência por uma vã centelha,
Esmaga a lealdade como frágil abelha.

Acautela-te, coração, da lâmina escondida,
Que ele fere sem tocar, na partida.
Judas Negro, espectro da vilania,
Na pior das barganhas, vende a alegria.

Por um punhado de quimeras moribundas,
Desfaz-se de almas, tornando-as jucundas.
Mas dentro da noite, sua sombra se alastra,
E na cruz de sua ganância, a verdade se emastra.

Embora se perca no breu dos séculos,
Judas é legião, entre os espectros.
Mantém teu brilho, íntegro e sagaz,
Contra o sopro sombrio, serás sempre capaz. 

A cada passo no trilho, ao lado do engano,
Segura o teu querer, defende o teu plano.
Cuidado com o Judas, que troca o certo pelo incerto,
Pois na roleta da sorte, o cuidado é sempre mais perto.

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