9 de mar. de 2021

Soneto do adeus

Sexta feira sonolenta
Do lado de fora apenas venta 
A cidade violenta
Que ninguém mais aguenta
O soneto que compõem 
Tudo que criamos
Me consome
E no leito ainda direi
Que eu morri de fome

Fome de querer mais
Fome de ambição 
Será que fiz o suficiente
Ou será que vivi em aflição?

É meio surreal
O ideal de viver
Ninguém pede pra nascer
Mas todos pedimos pra morrer

Essa fome de querer mais
E sempre mais e mais
É o que corrompe nossa alma
Até não sobrar nada

Mas será de todo ruim
Querer o mundo inteiro
E o mundo inteiro só pra mim
Como asas de pegasus
Dou asas à imaginação 
Ainda meio com trauma de tirar
Os pés do chão 

As estações mudam
Mudam e mudam
Nada permanece 
Como sempre foi
As coisas se adaptam 
Nada fica como
Realmente foi

Só sei
Que me destaquei
Entre as multidões 
Fui o que menos odiei
O mais odiado
Julgada e condenado
Pelos crimes que não cometi
Aceitei calado

Então em meu leito
Escrevendo minhas 
Últimas palavras decreto
Que se foda o céu
Me leve direto ao inferno

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