Sexta feira sonolenta
Do lado de fora apenas venta
A cidade violenta
Que ninguém mais aguenta
O soneto que compõem
Tudo que criamos
Me consome
E no leito ainda direi
Que eu morri de fome
Fome de querer mais
Fome de ambição
Será que fiz o suficiente
Ou será que vivi em aflição?
É meio surreal
O ideal de viver
Ninguém pede pra nascer
Mas todos pedimos pra morrer
Essa fome de querer mais
E sempre mais e mais
É o que corrompe nossa alma
Até não sobrar nada
Mas será de todo ruim
Querer o mundo inteiro
E o mundo inteiro só pra mim
Como asas de pegasus
Dou asas à imaginação
Ainda meio com trauma de tirar
Os pés do chão
As estações mudam
Mudam e mudam
Nada permanece
Como sempre foi
As coisas se adaptam
Nada fica como
Realmente foi
Só sei
Que me destaquei
Entre as multidões
Fui o que menos odiei
O mais odiado
Julgada e condenado
Pelos crimes que não cometi
Aceitei calado
Então em meu leito
Escrevendo minhas
Últimas palavras decreto
Que se foda o céu
Me leve direto ao inferno
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