Sei que as nuvens escuras
rodeiam os céus da madrugada.
As horas já não parecem existir
quando o próprio astro solar
perdeu-se na treva do dia.
Insones são as noites assírias,
cruéis no modo que abraçam
sem tocar em ti que repousas.
Esse nevoeiro não haverá fim?
Diz-se que um dia o mar se acalma,
que as ondas perdem proporção,
essas que engolem a praia...
E ainda é visto girassóis na chuva
quando o pior ainda não passou.
Sei que a tortura é tanto maior
quanto mais o torturado crê
que ela é objeto de todo o futuro,
e o presente deixa de existir.
Mas no campo de girassóis
vi repousar no verde pés cansados.
É certo que nunca vi antes
beleza tão extraordinária.
Meu belo girassol da manhã triste,
minhas costas serão guarda-chuva,
e meus braços serão afagos.
E a tempestade ainda vai passar.
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